Certo dia, um garoto chegou ao seu pai e lhe perguntou:
-Papai, você tem sorte?
O pai, perplexo com a pergunta, tentou responder da melhor maneira, mas não foi possível.
-Que tipo de pergunta é essa?
-Não sei, as pessoas dizem que alguns tem sorte, e outros não. É verdade?
-Depende, meu filho. Umas pessoas tem sorte pra algumas coisas, e outras pessoas pra outras coisas. Você acredita em sorte?
-Sim. Acho que sim.
-Então venha cá.
O homem alto, de cabelos brancos pegou o menino de pouco mais de um metro no colo e o levou até a cozinha. Onde pegou de uma gaveta, quase que inutilizada, um cordão feito de prata e corda.
-O que é isso papai?
-O cordão de prata. Me ajudou quando eu era da sua idade. Ele traz sorte.
-Verdade?
-Sim, claro- disse sorrindo, ainda com o menino no colo.- agora ponha ele e tenha sorte.
-Pra sempre?
-Até o dia que você achar que deve usar. Quando não precisar mais você o dará pro seu filho, que fará o mesmo. E assim seguirá.
O garoto deu um sorriso, um pouco confuso. Mas acenou com a cabeça, dando a entender que ele tinha compreendido tudo. A criança tinha pouco mais de sete anos, e dificilmente ia lembrar daquilo. Mas mesmo assim o pai falou, fez, e o deu.
-Obrigado papai. Vou usar sempre.
-De nada, filho.- enquanto o filho colocava o cordão no pescoço o pai lhe colocou no chão.
Alguns anos depois, o garoto já crescido, voltou ao pai, como fez oito anos atrás, e o devolveu o cordão.
-Filho, por que está me dando o cordão?
-Eu sei bem, pai. Não existem pessoas com sorte. Só existem pessoas, e cada um faz sua sorte. O que é sorte pra mim pode não ser pra você, e vice-versa.- E o garoto sorriu.
-Já vi que não precisa mais do cordão. A lição está dada. E você a bem aprendeu. Parabéns.
-A partir do corão eu construí minha sorte. E agora o destino é quem controla tudo.
Os dois se abraçaram e cada um voltou a fazer o que estava fazendo.
Rafael Felix Passos. 14h14
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